sábado, 7 de novembro de 2009

Retrato

Moro em Goiânia. Sou péssima para lembrar nomes. Não gosto de gente careta. Não gosto de gente que "se acha". Eu preciso escrever. Sei cozinhar. Sou vegetariana. Adoro cores. Não gosto de desperdício. Amo gatos. Compro os filmes que gosto para ver muitas vezes. Acontece o mesmo com os livros. Preciso ficar sozinha. Gosto de escrever e receber cartas. Gosto de sentir o cheiro das pessoas. Sou feminista. Queria saber tocar violão. Amo Clarice Lispector. Gosto de estar em companhia de crianças. Amo chocolate. Reclamo muito. Tenho dificuldade em pedir desculpas. Durmo muito. Gosto da palavra "aguilhão" e nunca sei como usá-la. Queria parar de fumar. Café me ajuda a viver. Queria gostar de caminhar. Desprezo as pessoas ditas bonitas. Sou louca por gente doida. Gosto de pessoas espontâneas. Odeio gente deslumbrada. Não pretendo casar. Amo Virgínia Woolf. Gosto de andar de mãos dadas com alguém. Amo estar sonolenta. Tenho amores platônicos. Gosto do sentido que tem o não-sentido (?). Adoro ajudar as amigas. Não sei confortar as pessoas. Queria ser menos orgulhosa. A natureza me acalma. Poucas coisas me deixam realmente feliz. Adoro bichos. Gosto de beber cerveja e conversar. Adoro dançar. Gosto de jogar pocker. Sonho em voar de balão. Sou impaciente. Minha mãe diz que sou desbocada. Odeio ficar entre pessoas que não gosto e/ou não conheça. Amo comer pêra de manhã. Andar de carro ou ônibus me dá sono. Sonho que seja possível ter amor sem tirania. Sou sensível. Amo sorrisos. Demoro a ficar nervosa. Odeio que me acordem. Acordo de mau-humor. Amo roxo. Gosto de cabelos coloridos. Gosto de olhos escuros. Queria ser mais determinada. Amo vocais femininos. Adoro abraços. Não gosto de muitas pessoas. Poucas pessoas me encantam. Queria escrever mais. Queria ser mais disciplinada. Sou forte. Gosto de ficar acordada à noite. Tenho insônia. Queria saber me expressar melhor. Sou mais tímida do que gostaria de ser. Quando é preciso, tenho coragem. Gosto de arte embora não entenda. Adoro assistir desenhos. Quero dar aula para crianças. Vivi por 17 anos. Minha mãe diz que eu ainda não sei o que quero.



* Escrevi isso quando tinha 17 anos. Olhando em cadernos antigos, achei. Acho que mudei somente em quatro ou cinco coisas.

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domingo, 1 de novembro de 2009

Illuminate the no's on their vacancy signs



Não sei se é verdade ou não. Mas pareço já estar misturando ilusões com realidade. Perturbada é uma palavra educada para o que estou nesse momento. Queria saber o que fazer. Queria que alguém pudesse me dar às respostas. Mas já não pertenço a nenhum lugar agora. Perdida, não há muito que se fazer. O pior é não ter para onde voltar. Queria chorar baixinho, mas não quero me consolar. E não há motivos para consolação também. As escolhas foram feitas. A culpa não é minha ou talvez até seja, mas já não procuro por culpados. Não procuro por mais nada. E talvez o problema esteja nisso. Não sei o que fazer e pra quê fazer. Minha vida está toda virada e sim, sei, sou a única que pode dar um jeito em tudo. Mas tentar é tão difícil. Acomodei-me do jeito que estou. Não penso que as coisas podem ficar piores, porque acho impossível. Alegria dentro de mim eu sei que tenho. Mas, às vezes, não sei usar. Sorrir nunca me pareceu tão estranho. As palavras não vão me salvar, afinal. “Viver me estraga os dias.”