quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Lamentos de um jovem coração



Nessa longa espera vã
Você não saiu de mim
Continua aqui:
Fez do meu corpo o teu lar
E por mais que eu te peça para sair
Você insiste em querer ficar

Nunca soube entender
O por quê de assim ser
Lembranças custam a se apagar
Meu coração sofre ao perceber
Que com o tempo você não virá

Tanta promessa quebrada
Tanto amor partido
Lamentos de uma jovem
Que mal começara a viver
E tanta desilusão
Já leva em seu coração

Se houvesse uma chance
De o tempo voltar
Te explicaria a minha confusão
Naquele telefonema desejado
Que eu nunca soube dar.



Cindy F.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Ilusórias emoções ( ou Olhos escuros)

Doce ilusão: é tudo o que vejo
em seus olhos escuros
Que me fazem pensar
E buscar nas lembranças
O momento mais íntimo na beleza do que vivemos

Sempre que você chega
com a luz do luar
Me diga o que eles querem
Seus olhos escuros
Quando olham para mim

Sua boca é um traço em seu rosto
Uma linha reta imóvel
Que sempre nada diz
E deixa as palavras que quero escutar
Jogadas ao acaso do quase

A única verdade está guardada
dentro de você que nunca a deixa transparecer
Mas seus olhos escuros estão sorrindo para mim
Tentando mostrar pelo olhar
O que da sua boca quero escutar.



Cindy F.

sábado, 7 de novembro de 2009

Retrato

Moro em Goiânia. Sou péssima para lembrar nomes. Não gosto de gente careta. Não gosto de gente que "se acha". Eu preciso escrever. Sei cozinhar. Sou vegetariana. Adoro cores. Não gosto de desperdício. Amo gatos. Compro os filmes que gosto para ver muitas vezes. Acontece o mesmo com os livros. Preciso ficar sozinha. Gosto de escrever e receber cartas. Gosto de sentir o cheiro das pessoas. Sou feminista. Queria saber tocar violão. Amo Clarice Lispector. Gosto de estar em companhia de crianças. Amo chocolate. Reclamo muito. Tenho dificuldade em pedir desculpas. Durmo muito. Gosto da palavra "aguilhão" e nunca sei como usá-la. Queria parar de fumar. Café me ajuda a viver. Queria gostar de caminhar. Desprezo as pessoas ditas bonitas. Sou louca por gente doida. Gosto de pessoas espontâneas. Odeio gente deslumbrada. Não pretendo casar. Amo Virgínia Woolf. Gosto de andar de mãos dadas com alguém. Amo estar sonolenta. Tenho amores platônicos. Gosto do sentido que tem o não-sentido (?). Adoro ajudar as amigas. Não sei confortar as pessoas. Queria ser menos orgulhosa. A natureza me acalma. Poucas coisas me deixam realmente feliz. Adoro bichos. Gosto de beber cerveja e conversar. Adoro dançar. Gosto de jogar pocker. Sonho em voar de balão. Sou impaciente. Minha mãe diz que sou desbocada. Odeio ficar entre pessoas que não gosto e/ou não conheça. Amo comer pêra de manhã. Andar de carro ou ônibus me dá sono. Sonho que seja possível ter amor sem tirania. Sou sensível. Amo sorrisos. Demoro a ficar nervosa. Odeio que me acordem. Acordo de mau-humor. Amo roxo. Gosto de cabelos coloridos. Gosto de olhos escuros. Queria ser mais determinada. Amo vocais femininos. Adoro abraços. Não gosto de muitas pessoas. Poucas pessoas me encantam. Queria escrever mais. Queria ser mais disciplinada. Sou forte. Gosto de ficar acordada à noite. Tenho insônia. Queria saber me expressar melhor. Sou mais tímida do que gostaria de ser. Quando é preciso, tenho coragem. Gosto de arte embora não entenda. Adoro assistir desenhos. Quero dar aula para crianças. Vivi por 17 anos. Minha mãe diz que eu ainda não sei o que quero.



* Escrevi isso quando tinha 17 anos. Olhando em cadernos antigos, achei. Acho que mudei somente em quatro ou cinco coisas.

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domingo, 1 de novembro de 2009

Illuminate the no's on their vacancy signs



Não sei se é verdade ou não. Mas pareço já estar misturando ilusões com realidade. Perturbada é uma palavra educada para o que estou nesse momento. Queria saber o que fazer. Queria que alguém pudesse me dar às respostas. Mas já não pertenço a nenhum lugar agora. Perdida, não há muito que se fazer. O pior é não ter para onde voltar. Queria chorar baixinho, mas não quero me consolar. E não há motivos para consolação também. As escolhas foram feitas. A culpa não é minha ou talvez até seja, mas já não procuro por culpados. Não procuro por mais nada. E talvez o problema esteja nisso. Não sei o que fazer e pra quê fazer. Minha vida está toda virada e sim, sei, sou a única que pode dar um jeito em tudo. Mas tentar é tão difícil. Acomodei-me do jeito que estou. Não penso que as coisas podem ficar piores, porque acho impossível. Alegria dentro de mim eu sei que tenho. Mas, às vezes, não sei usar. Sorrir nunca me pareceu tão estranho. As palavras não vão me salvar, afinal. “Viver me estraga os dias.”

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Where do you go now?

Nunca deixei as coisas me afetarem tanto como estão me afetando agora. Fico com dúvidas sobre pequenos atos e gestos. Escuto as mesmas músicas que falam sobre um amor perdido ou encontrado para chorar um pouco mesmo sem querer ficar me lamentando. Eu não entendo. Eu não entendo mais nada sobre isso. Motivos para lamentações não há. Estou sofrendo de amor feliz. E só na minha cabeça que isso é contraditório. No fundo, acho que estou cansada. Cansada de existir. Cansada de ter sempre essa falta de certeza. Cansada de velhos conselhos que não me levam a lugar nenhum. Não adianta tentar ocupar a mente, porque o grande mundo da noite existe. Nada está fazendo sentido, mas sei que essa falta de sentido tem um sentido maior que eu só não sei qual é. Estou presa em uma desorganização profunda. E essa desorganização me assusta. Confusa, eu me perco nos meus próprios pensamentos ou no de outras pessoas. Parece que estou metida em uma guerra invisível. E quem ganha? Eu sempre perco.

Eu sei. É preciso acreditar. Não se sabe em quê, mas acreditar.